Quando aquela coisinha bonita aparece na minha porta com uma mala, alegando que ela alugou minha casa para o verão, eu não perco tempo informando a ela que minha casa não está para alugar. Algum idiota da Internet roubou todo o dinheiro dela, mas isso não é problema meu.
Só que quando a encontro dormindo em seu carro alguns dias depois, não posso ir embora. Eu lhe faço uma oferta: hospedagem e alimentação em troca de trabalhar em meu rancho.
Ela concorda, não como se ela tivesse escolha e eu abro minhas portas para uma garota que canta muito alto, coloca o nariz onde não pertence e me distrai com seus jeans apertados e lábios carnudos. Eu a mantenho à distância de um braço, e por um bom motivo. Eu não mereço felicidade. E eu não a mereço.
Mas quando aqueles dias quentes de verão se transformam em longas noites no campo, acho difícil manter minhas mãos longe dela, mesmo quando eu sei que ela não pertence a esse lugar. Minhas mãos em seus cabelos, seu corpo no meu, aquele brilho em seus grandes olhos castanhos quando ela me olha como se eu tivesse pendurado a lua...
Pela primeira vez em anos, meu coração congelado bate novamente. E quando eu olho para ela, me lembro de que ainda estou vivo, que talvez nem tudo esteja perdido. E quando eu a beijo, não estou mais pensando no passado, estou imaginando nós dois. Um futuro.
Mas as pessoas por aqui gostam de falar e os rumores estão vivos e acesos, e algumas pessoas querem convencer ela de que sou um monstro com um passado sórdido. E talvez eu seja...
Como eu disse antes, eu não a mereço.
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